CFM proíbe a prescrição de terapias hormonais com fins estéticos e de melhoria de desempenho esportivo
Primum non nocere é um dos mandamentos da Medicina! Essa expressão significa: antes de tudo, não fazer mal.
O uso indiscriminado de anabolizantes, para fins estéticos e aumento de performance esportiva, tem levado a uma preocupação crescente na Medicina. Isso porque há diversos dados científicos que comprovam os possíveis e inúmeros efeitos adversos que podem vir dessa prática. Dentre eles, podemos citar: hipertensão arterial sistêmica, infarto agudo do miocárdio, aterosclerose, hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda, câncer de fígado, transtornos mentais e comportamentais, infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.
Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada hoje, “está vedada a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética, para ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho esportivo, seja para atletas amadores ou profissionais, por inexistência de comprovação científica suficiente que sustente seu benefício e a segurança do paciente”. Isso já não era liberado, mas o uso e a propaganda indiscriminada fez com que o CFM emitisse essa nota ressaltando que essa prática é proibida com essa finalidade!
Claro que existem as indicações específicas da terapia hormonal androgênica (aqui, ressaltam-se as deficiências hormonais comprovadas), e isso continuará sendo prescrito por profissionais qualificados. Esteroides androgênicos podem ser indicados em condições como hipogonadismo, puberdade tardia, micropênis e caquexia; a terapia hormonal também poderá ser indicada em pessoas transgênero. Nessas situações específicas, estratégias para aumentar a segurança do tratamento são sempre recomendadas, como acompanhamento por médicos com expertise, seguimento clínico regular e realização de exames complementares periodicamente. Mesmo com todos os cuidados, as complicações ainda podem ocorrer, e é necessário a identificação precoce e o tratamento adequado. É importante reforçar que, assim como todos os outros tratamentos médicos, a terapia com esteroides androgênicos só será recomendada se os potenciais benefícios superarem os potenciais riscos. Finalizamos esse texto com o princípio: primum non nocere! E viva a boa prática médica!
Fonte: Conselho Federal de Medicina - Resolução nº 2.333/23